quarta-feira, 5 de março de 2014

Maigret ou Magret?

Paulo Werneck

Fonte: Papagalis

Dúvida cruel: Maigret ou Magret? Que diferença faz uma vogal? Neste tópico pouca, pois, abrindo uma exceção, ou melhor, duas exceções ao meu espírito crítico, abordarei assuntos muito agradáveis.

Maigret é um comissário de polícia, personagem criado por Simenon, prolífico escritor daqueles que a crítica desdenha, por escrever romances policiais, tendo depois sido considerado por alguns como o maior escritor francês do século XX.

Não sou crítico literário, mas li quase todos os livros traduzidos para o Português e publicados pela LPM, tendo comprado, por especial gentileza do Carlinhos da Livraria da Travessa, a coleção completa em francês, Tout Maigret, da qual ainda só li o primeiro caso, excelente. Mas os volumes estão na fila...

Não apenas gosto da prosa do Simenon, ou das aventuras do Maigret. Minha relação com o personagem é mais profunda: foi meu modelo de comportamento enquanto exerci o cargo de auditor fiscal. Há diferenças sensíveis entre um fiscal e um policial, mas aprendi muito com Maigret.

Todavia o desiderato desta coluna era outro: comentar um pequeno restaurante do qual sou freguês, não só do restaurante mas também de uma seleção do cardápio.

Sou bastante conservador, e, em certos restaurantes, faço sempre o mesmo pedido. No caso do Bistrô Ouvidor, de entrada peço terrine, continuo com magret de canard (peito de pato) e concluo com mousse de chocolate.

A terrine é boa, mas, modéstia à parte, faço uma melhor em casa. Raramente, é verdade, pois dá muito trabalho, daí a escolha. O freguês também pode pedir a sopa do dia ou uma outra coisa que não me lembro o que é, pois há muito tempo me fixei na tal da terrine.

O magret é divino. Não é à toa que o peço sempre. Não que os outros pratos não sejam ótimos, e há uma grande variedade de carnes exóticas, mas sou apaixonado pelo magret do Bistrô Ouvidor. Vem fatiado e com uma geléinha, hum, nham nham...

A mousse também é excelente, tanto na consistência, como na economia do açúcar. Detesto doce muito doce... E não é daquelas que vem em forminhas de plástico, atentados à ecologia, mas é feita em casa e colocada na tigela às colheradas.

Costumo acompanhar a refeição com borbulhas, nome pelo qual trato os espumantes. É pedida obrigatória, a menos que esteja acompanhado por pessoas momentâneamente abstêmias, o que é raro...

A casa é agradável na decoração, no atendimento, na comida e também na conta. Os preços são bem razoáveis, tendo em vista o que é posto na mesa.

Paulo César é o garçom na foto. Paciente, sabe lidar com fregueses difíceis...

Onde: Rua do Ouvidor 57, quase esquina com Primeiro de Março.