quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vaia para a baia!

Paulo Werneck

Há muito me incomodam as baias que os gênios da arquitetura urbana carioca inventaram para infernizar a vida dos habitantes desta ainda maravilhosa cidade. A idéia em si não é má, nem é nova: inúmeras cidades as possuem, com êxito, mas algumas condições prévias devem ser satisfeitas.

Por exemplo, em cidades em que os ônibus param obrigatoriamente em todos os pontos, elas são perfeitas: os passageiros esperam calmamente no abrigo até que o ônibus desejado pare à sua frente e aguarde seu embarque.

Não é isso o que acontece nestas plagas, como podemos ver na foto seguinte, tirada de dentro de um abrigo na rua Voluntários da Pátria, em um dia chuvoso:


O ônibus que se aproxima, na faixa da direita, está encoberto pelo muro amarelo da construção, pela folhagem de uma árvore, por um poste, pelos passantes.

O número da linha só será visível quando o veículo estiver a menos de oito metros do ponto. A 20 quilômetros por hora, o candidato a passageiro terá menos de dois segundos para identificar a linha e fazer sinal.


O resultado é o que se vê na segunda foto: pessoas na rua, inutilizando o conceito da baia, a qual só serve para reduzir a calçada e atrapalhar todo mundo.

Pior: alguns motoristas, conscienciosos, cumprem a lei e param na baia, mas, com isso, dificultam a vida dos demais passageiros do ponto.

Certamente os gênios do planejamento do transporte coletivo circulam em automóveis particulares...