segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Consumidor sem consumir é lixo

Paulo Werneck
Babak Gholizadeh: Grande Bazar, Istanbul
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Bazaar

Fui a um templo do consumo moderno, o shopping center, com meu filho. Ele precisava de um par de tênis, eu queria um livro e poderíamos lanchar.

Tênis, neca. Não havia o número desejado. Os vendedores insistiram em que ele comprasse um número acima, mas, teimoso, irredutível, se recusou a comprar um par de outro tamanho, diferente do seu.

Também não encontrei o que procurava mas, solto numa loja de livros, acabei encontrando um Dashiell Hammet que não havia relido ainda. Agora sou intelectual, e como todos os intelectuais que se prezam, só releio.

O lanche não teve erro. Encontramo-nos no Chez Michou, que não promete mundos e fundos mas faz corretamente o que se propõe a fazer.

Alguns crepes e chopes depois, hora de voltar para casa. Nesse momento, lojas fechadas, conta paga, deixei de ser um consumidor e tornei-me um ser desimportante e descartável, e, como todos os demais temporariamente não consumidores, fui obrigado a sair pelos fundos e caminhar por uma longa calçada escura até a avenida Lauro Sodré, onde passam os ônibus e os táxis.

Demorarei a voltar a seu um consumidor no Rio Sul. Deixo registrado meu agradecimento aos administradores do shopping pela economia que farei a partir de hoje. Talvez os lojistas que pagam polpudos aluguéis à Brascan não fiquem tão satisfeitos, mas, que fazer, não se pode agradar a todos...