sexta-feira, 4 de maio de 2007

Insegurança e Inação

Paulo Werneck

Fala-se muito da insegurança em que vivemos, balas perdidas (melhor o fossem, o problema é que têm sido achadas pelas vítimas), pede-se maior rigor das leis. Inútil.

O governador deita falação e pede ao presidente o apoio do Exército. Inútil, perigoso e inconstitucional.

Como muita coisa por aqui, fala-se muito, faz-se pouco, ou quase nada. Explico.

Estava eu caminhando tranquilamente pela rua Pinheiro Machado, aquela do Palácio Laranjeiras, e dois motoristas, após terem se envolvido num pequeno acidente de trânsito, que deixou retrovisores escoriados, discutiam acerbamente, o que poderia degenerar em briga.

O que faz este escriba? Saca do cinto a última tecnologia em comunicação, um celular, disca 190, telefone da puliça (quando ela melhorar um pouquinho escreverei certo), e aguarda incontáveis minutos pois "todos os nossos operadores estão ocupados".

A paciência se esvaindo, os dois discutindo, o trânsito - eram seis horas da tarde - totalmente congestionado, eis que um dos veículos estava no meio da rua, só deixando espaço para um carro passar devagar, se espremendo. Quando finalmente sou atendido, conto rapidamente a situação, é prometido o envio de uma patrulha, desligo e volto para a posição de testemunha atenta dos fatos.

Ao leitor que ainda está acompanhando o relato que não termina, justifico: tratava-se de um rapaz sarado e uma dama mignom, donde a atenção redobrada.

Discutem, discutem, acabam se entendendo, ou não, o certo é que assumem os volantes dos respectivos veículos e seguem viagem.

Nem sombra da patrulhinha.

Volto a ligar para o 190, após outros "aguarde por favor" informo a desnecessidade do apoio policial, fim da história.

Pergunto ao Governador, ao Secretário da Segurança Pública, aos editores dos jornais em campanha pela redução da maioridade penal para 16 anos, futuramente para seis meses:

Não seria melhor começar por contratar operadores para o 190, de modo que o cidadão em apuros fosse prontamente atendido?

Não seria melhor retirar os veículos policiais de cima das calçadas, onde só estorvam os pedestres, e deixá-los de prontidão?

Se precisarem de uma consultoria, conversem com as cooperativas de táxis: elas atendem ao telefone e os táxis, mesmo sem sirene, chegam muito mais rápido que qualquer carro de polícia.

PS: Em São Paulo, bancária minha amiga, no início do expediente viu entrarem ladrões na agência que trabalhava, mas a polícia só chegou para o almoço...

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